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14/05/2013

Ação foca modo mais radical de tratamento


Ação foca modo mais radical de tratamento
'Bolsa internação' financia entidades em detrimento do sistema público
MAURÍCIO FIOREESPECIAL PARA A FOLHA
O Cartão Recomeço ganhou instantaneamente o pejorativo apelido de "bolsa crack", mas está mais próximo de uma "bolsa internação".

É um programa de financiamento público de comunidades terapêuticas privadas por meio dos R$ 1.350 mensais que serão recebidos pelos familiares dos dependentes internados.

O abuso do crack, associado a profundas vulnerabilidades sociais, é problema grave, mas está levando o poder público a uma sucessão de políticas sem debate mais sistemático com especialistas.

A internação é um tratamento indicado para apenas uma parte dos dependentes de drogas e por pouco tempo.

Por ser um isolamento artificial, produz a sensação de proteção, daí seu apelo em situações dramáticas. Por outro lado, como outros tratamentos, mostra-se ineficaz na maioria das vezes.

É preocupante que as políticas coloquem a forma mais radical de tratamento como seu foco, pois isso parece muito mais aplacar os anseios de quem está do lado de fora do que se basear em evidências científicas.

Também é preocupante o financiamento direto de entidades privadas em detrimento do sistema público de atenção à saúde mental --que, não há dúvidas, precisa ser aperfeiçoado e ampliado.

Sem entrar em controvérsias conceituais, a ação suscita questões pontuais.

O Estado será capaz de garantir a laicidade do tratamento, posto que um número enorme de comunidades terapêuticas são religiosas?

Quais serão as formas de controle e os critérios de avaliação de qualidade e eficiência desse tratamento em médio e longo prazo?

Qual é o plano de auxílio para esses dependentes e suas famílias na fase mais difícil do tratamento, que é o retorno às ruas?

Com longo histórico de internações dos dependentes, como evitar que o sofrimento deles não estimule um lucrativo e perene negócio financiado por verba pública?


17/02/2013

Not Just Injecting, But Connecting


Canada's highest court unchains injection drug users; implications for harm reduction as standard of healthcare.


 2012 Jul 20;9(1):34. doi: 10.1186/1477-7517-9-34.


Canada's highest court unchains injection drug users; implications for harm reduction as standard of healthcare.


Source

PHS Community Services Society, 20 West Hastings Street, Vancouver, British Columbia, V6B 1G6, Canada. dan@phs.ca.

Abstract

North America's only supervised injection facility, Insite, opened its doors in September of 2003 with a federal exemption as a three-year scientific study. 

The results of the study, evaluated by an independent research team, showed it to be successful in engaging the target group in healthcare, preventing overdose death and HIV infections while increasing uptake and retention in detox and treatment. 

The research, published in peer-reviewed medical and scientific journals, also showed that the program did not increase public disorder, crime or drug use. 

Despite the substantial evidence showing the effectiveness of the program, the future of Insite came under threat with the election of a conservative federal government in 2006. 

As a result, the PHS Community Services Society (PHS), the non-profit organization that operates Insite, launched a legal case to protect the program. On 30 September 2011, Supreme Court of Canada ruled in favour of Insite and underscored the rights of people with addictions to the security of their person under section 7 of the Charter of Rights and Freedoms (Charter of Rights). 

The decision clears the ground for other jurisdictions in Canada, and perhaps North America, to implement supervised injection and harm reduction where it is epidemiologically indicated. 

The legal case validates the personhood of people with addictions while metaphorically unchaining them from the criminal justice system.

Free article, clique here.

Do you want to know what HARM REDUCION is? Click here    



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29 de janeiro de 2013
Na esfera da redução de danos, são medidas válidas, a partir da seguinte constatação: nos modelos de tratamento tradicionais ancorados na abstinência, como preconizam Ana Cecília (Marques) e outros, as melhores taxas ...
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Marcadores. Internação Compulsória (7) Dartiu (4) crack (4) Proad (3) tratamento (3) BBC (2) Cratod (2) Lei Seca (2) Maconha (2) dependência química (2) álcool (2) redução de danos (1) ...

06/02/2013

Estudos com Ibogaína para tratamento contra dependência química


Ibogaína: a droga que cura o vício


Da planta iboga é extraída a ibogaína, uma substância psicodélica que faz sonhar por 12 horas e é cada vez mais usada contra a dependência química.
Fausto Salvadori ( Revista Galileu online )

Deitado numa cama, Wladimir Kosiski, 33 anos, viu, literalmente, sua vida passar como num filme — e descobriu que era um drama ruim. A abertura até prometia: cenas de sua infância e adolescência, o casamento, o emprego como vendedor em uma multinacional em Curitiba (PR), a faculdade, dois filhos... Mas, ao chegar aos 21 anos, o roteiro virava filme B, uma típica história de dependência de drogas, reprisando todos os clichês do gênero.

O crack, então, roubava a cena: uma sequência previsível de empregos perdidos, faculdade abandonada e bens vendidos a preço de banana para pagar o vício. E sua carreira de vendedor em multinacional acabou enveredando para a vida de aviãozinho do tráfico em troca de alguns gramas de pedras.

O filme apareceu como uma espécie de sonho acordado durante as 48 horas que Wladimir passou sob o efeito da ibogaína, uma droga psicodélica, em uma clínica no Estado de São Paulo (que prefere não divulgar o nome). Durante esse tempo, ele ficou sonolento, mas plenamente consciente. Viu nítidas as imagens de sua vida, como se fossem projetadas em uma tela de LCD na parede do quarto, logo acima do médico que o observava sobre a cama.

Quando o efeito passou, foi a primeira vez em anos que Wladimir acordou sem a fissura, o desejo incontrolável pela fumaça do crack que ataca os dependentes. Nem o desejo, nem as náuseas e nem as dores comuns desse tipo de abstinência apareceram. “Era como se eu nunca tivesse usado droga nenhuma”, diz o hoje administrador de empresas, que passou pelo tratamento e se livrou da dependência em 2007.

A substância que ajudou Wladimir é cada vez mais usada em terapias experimentais contra o vício. De 1962, quando começou a ser testada em dependentes químicos, até 2006, 3.414 pessoas usaram a ibogaína, obtida a partir da raiz de um arbusto africano, a iboga, para fins terapêuticos.

Só nos últimos quatro anos, no entanto, 7 mil pessoas passaram pelas terapias, de acordo com dados preliminares de um estudo do Dr. Kenneth Alper, da New York School of Medicine, nos Estados Unidos. O número de tratamentos cresceu tanto que provocou uma escassez da substância, ainda produzida de maneira artesanal, no mundo.

AVAL DA CIÊNCIA: 

Boa parte dos cientistas torce o nariz diante da ideia de se usar uma fortíssima droga psicodélica para se tratar dependentes químicos. Porém, o crescimento no número de terapias bem-sucedidas e o início de novos estudos deram mais credibilidade à prática.

Um deles começou em julho, conduzido pela Associação Multidisciplinar para Pesquisa de Psicodélicos (MAPS, na sigla em inglês), de Santa Cruz, na Califórnia. De acordo com a entidade, trata-se da primeira pesquisa sobre os efeitos de longo prazo da ibogaína na luta contra o vício.

O levantamento é feito em cima de usuários de heroína, tratados com a droga por uma clínica do México, a Pangea Biomedics. O interesse dos pesquisadores surgiu após estudos que mostram os benefícios da prática. “Há cada vez mais aceitação por parte da comunidade científica”, afirma Randolph Hencken, diretor de comunicação da MAPS. Os pacientes da Pangea são, em boa parte, americanos que cruzam a fronteira para receber um tratamento considerado ilegal nos EUA (embora a pesquisa seja permitida por lá).

A ibogaína também é proibida na Dinamarca, na Bélgica, na Suécia e na Suíça. Já no Gabão, é considerada tesouro nacional. Na África Central, curandeiros usam a raiz em rituais contra as chamadas “doenças do espírito”.

Um deles, da religião Bouiti no Camarões, faz com que o participante coma uma grande quantidade de iboga (que pode chegar a 500 g) enquanto um grupo canta, toca e dança a noite inteira. A cerimônia de três dias pode produzir um coma induzido — o que é entendido como uma viagem ao mundo dos mortos. O objetivo, dizem, é receber revelações, curar doenças ou comunicar-se com aqueles que já morreram. Trabalho da antropóloga paulistana Bia Labate, que estudou a droga, afirma que
“acredita-se que os pigmeus tenham descoberto a iboga em tempos imemoriáveis”.

A primeira pesquisa brasileira no assunto está prevista para começar no ano que vem, sob orientação do psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, coordenador do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes (Proad) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Ainda que os resultados sejam positivos, não há chance de cápsulas de ibogaína chegarem às farmácias tão cedo.
“Sob estrita supervisão médica, a droga poderia se tornar um medicamento, mas custaria milhões de dólares em estudos e ainda não há investidores para tanto”, diz Hencken.

Comprimidos feitos com substância da raiz dos arbustos africanos
Crédito: divulgação

O EFEITO: 

Ainda não se sabe exatamente como essa substância atua no combate à dependência, mas dezenas de pesquisas em animais e humanos indicam que age em dois níveis: tanto na química cerebral como na psicologia do dependente. Por um lado, a droga estimula a produção do hormônio GDNF, que promove a regeneração do tecido nervoso e estimula a criação de conexões neuronais.

Isso permitiria reparar áreas do cérebro associadas à dependência, além de favorecer a produção de serotonina e dopamina, neurotransmissores responsáveis pelas sensações de bem-estar e prazer. Isso explicaria o desaparecimento da fissura relatado pelos dependentes logo após sair de uma sessão.

Na outra frente, a ibogaína promoveria uma espécie de psicoterapia intensiva ao fazer o paciente enxergar imagens da própria vida enquanto a mente fica lúcida. Estas visões não seriam alucinações, como as imagens de uma viagem de LSD. É como sonhar de olhos abertos, o que ajudaria os dependentes a identificar fatores que os teriam empurrado para as drogas em determinados momentos da vida.

Estudos com eletroencefalogramas feitos pela Universidade de Nova York, nos Estados Unidos, apontaram que ondas cerebrais de um paciente que tomou ibogaína têm o mesmo comportamento daquelas de alguém em REM (a fase do sono em que sonhamos). “O sonho renova a mente e, se no sono comum temos apenas cinco minutos de sonho a cada duas horas, na ibogaína são 12 horas de sonho intensivo”, aponta o gastroenterologista Bruno Daniel Rasmussen Chaves, que estuda o tema desde 1994 e participará da pequisa da Unifesp.

RISCOS: 


No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informa que não há restrições legais à ibogaína, mas seu uso como medicamento não está regulamentado. Por isso, os tratamentos são considerados experimentais e as clínicas não fazem propaganda.

A importação é feita pelos próprios pacientes, que pagam cerca de R$ 5 mil por uma sessão com o derivado da raiz. Após passar por exames médicos, o dependente ingere as cápsulas, deita-se em uma cama e deixa sua mente navegar pelos efeitos, que podem durar até 72 horas. Durante esse tempo, médicos monitoram o paciente. Vale dizer que a literatura médica registra 12 óbitos associados ao uso de ibogaína nas últimas quatro décadas, provocados por diminuição na frequência cardíaca (o equivalente a uma morte a cada 300 usuários).

No entanto, estudos de Deborah Mash, neurologista da Universidade de Miami, nos Estados Unidos, que já acompanhou o tratamento de cerca de 500 pacientes, apontam que não há registro de morte por ingestão de ibogaína em ambiente hospitalar. É preciso que o paciente chegue “limpo” à sessão. “As mortes registradas ocorreram em tratamentos de fundo de quintal, em que as pessoas fizeram uso concomitante de ibogaína e outras substâncias”, afirma Chaves.

NÃO HÁ FÓRMULA MÁGICA: 


Estudiosos e pacientes avisam: a droga não é uma poção mágica. Para se livrar da dependência, Wladimir Kosiski aliou o tratamento à psicoterapia e mudança drástica de hábitos. Voltou a trabalhar, a estudar e nunca mais pisou no local onde comprava crack. Não foi isso o que fez o professor Gilberto Luiz Goffi da Costa, 44 anos, que se tratou com ibogaína pela primeira vez em 2005. Viciado em drogas desde os 14 anos, Gilberto já acumulava 18 tratamentos fracassados contra dependência. Volta e meia, dormia nas ruas de Curitiba e praticava roubos para comprar crack: já havia sido preso cinco vezes. Após usar ibogaína, achou que estava curado. “Tive uma sensação de bem-estar, mas é um efeito que se perde depois”, afirma. Estava livre do desejo, mas continuou a frequentar os mesmos ambientes e amigos com quem dividia drogas.

Em pouco tempo, foi dominado novamente pelo crack. “A ibogaína retira a fissura, mas a pessoa pode continuar a usar droga mesmo sem vontade, como alguém que estraga um regime por gula, não por fome”, diz Chaves. Gilberto só conseguiu permanecer “limpo” após a terceira vez que se tratou, em 2008, quando aliou a substância a uma troca completa de atitudes, seguindo o método dos Narcóticos Anônimos.

Sem consumir drogas há dois anos, hoje dá aulas de línguas e é consultor no tratamento de outros dependentes. Ao contrário da viagem pelo mundo dos mortos em uma sessão dos rituais africanos, a ibogaína ajudou o curitibano, pouco a pouco, a permanecer no mundo dos vivos. 

Para ver o artigo original, clique aqui.

05/02/2013

Fernanda Aranda fala sobre artesanato, música, poesia e teatro como ferramentas para o tratamento de dependência química

Oficinas de artesanato, música, poesia e teatro despontam como ferramentas para o tratamento da dependência química.

Fernanda Aranda , iG São Paulo

O polegar usado para atiçar o isqueiro e acender freneticamente o cachimbo agora tem outra função. As mãos de Índio, 37 anos, há quatro meses, fazem arte. Transformam lixo em quadros e murais, em um processo realizado dentro de um ateliê instalado na Cracolândia – região da capital paulista que acumula, a céu aberto, milhares de pulmões e cérebros devastados pelo crack.

Com os dedos torturados pelos 20 anos passados na rua, Índio – que nasceu Cícero Rodrigues e ganhou o apelido devido aos traços caboclos herdados da avó – usa o artesanato para driblar a dependência química de forma autodidata, “por instinto”. Mesmo sem ter consciência disso, ele mira a abstinência usando uma ferramenta terapêutica que ganhou os consultórios, as clínicas e os centros de saúde espalhados por todo País.

Psiquiatras, psicólogos e educadores enxergaram no artesanato, no samba, no rap, no funk e na poesia uma maneira eficaz de tratar o uso compulsivo de álcool e drogas. Os resultados da chamada arteterapia para a dependência começam a aparecer catalogados em pesquisa. Um indicativo de caminho de conduta médica para uma área da saúde mental que ainda ostenta o índice de 45% de falha na recuperação dos pacientes.

Índio passou a fumar menos crack quando ingressou na rotina artística. José Benedito Leal, 45 anos, deixou de esconder as garrafas de cachaça no armário da faculdade onde lecionava após descobrir-se poeta.

“Nenhuma gota há cinco anos e milhares de versos produzidos no período”, conta ele, pós-graduado em Matemática.

Maurício Same, 32, também abandonou a bebida – responsável por fazer dele um
morador de rua em Praia Grande (litoral paulista) – depois de ouvir o som que produzia com as cordas do violão.

“Estou limpo há um ano. A primeira música inteira que toquei sóbrio foi ‘Tente outra vez’, do Raul Seixas”, diz.

Oficiais da Marinha de Salvador foram estimulados a tratar o alcoolismo em cima do palco, brincando de serem atores de teatro.

“A arte faz parte da terapia ocupacional, área já consolidada no Brasil como política de saúde pública. Não há motivo nenhum para excluir os pacientes da saúde mental destas ferramentas. Ao contrário. Os resultados são excelentes”, afirma o psiquiatra Leonardo Araújo de Souza, diretor do Instituto Nise da Silveira do Rio de Janeiro.

“Arte de resgate”


A instituição pública fluminese dirigida por Leonardo oferece aos 220 pacientes internados oficinas de samba e percussão. Todo ano, eles colocam na rua o bloco de carnaval. A entidade, inclusive, foi batizada em homenagem a uma precursora da arte como remédio para a saúde mental.

Nise (1905-1999), na década de 1940, descobriu no traço artístico uma arma para substituir os eletrochoques e o confinamento nos manicômios, formas controversas e torturantes usadas em depressivos, esquizofrênicos e dependentes químicos da época. Um de seus pacientes foi Arthur Bispo do Rosário – cujas obras ganharam o mundo e foram tema da última Bienal de Artes de São Paulo.

No legado de Nise, não estão apenas descobertas de artistas famosos e anônimos. O psiquiatra Luiz Guilherme Ferreira Filho acredita que este olhar médico sobre os efeitos da arte foram fundamentais para implementar os planos de humanizar o tratamento e promover reinserção social dos pacientes – dois pilares definidos pelo Ministério da Saúde como fundamentais para vencer o crack, a cocaína, o alcoolismo e o uso de maconha.


Hoje, de acordo com o último censo do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), 10% da população brasileira (19 milhões de pessoas) necessitam de intervenção médica para tratar o vício.

Arte é neurociência. "Por meio da pintura, da música, do artesanato você alcança o inconsciente do paciente e restabelece o mecanismo de recompensa cerebral, deturpado pela droga”, diz Ferreira Filho.

“Amplia o repertório de atuação do paciente. Ele, ainda que não tenha talento, descobre que há outras formas menos nocivas de ter prazer. Não é arte bela e nem feita para estar em galerias. É arte de resgate.”

Sarau da abstinência


Foi estudando a reação cerebral dos dependentes químicos que Ferreira Filho decidiu implantar oficinas de arte no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) de Praia Grande. Duas vezes por semana, 40 pacientes em tratamento são convidados a sentar em roda e mostrar os talentos escondidos ou nunca identificados, por conta do uso de droga.

´´Eu sou mosca presa na janela. Quero voar sem incomodar ninguém. Deixar de ser mosquito, que pica, suga e vai embora. Quero ser mosca. Quero ser livre``. José Benedito.

Em uma dinâmica típica de sarau, cada um vai ao centro do círculo e canta, declama, pinta um quadro. O matemático José Benedito descobriu assim a vocação para usar as letras em versos. No dia em que a oficina foi acompanhada pela reportagem, ele puxou de improviso o poema “mosca presa na janela”, de sua autoria (leia ao lado). Maurício criou melodias. Maria do Socorro fez o público chorar ao desafinar, mas sem sair do ritmo, as estrofes sertanejas de Menino da Porteira. Há dois meses, a produção do “sarau da abstinência” do Caps virou mostra cultural no teatro municipal da cidade.
 “Aberta ao público. Foi sucesso”, comemora o psiquiatra.

Experiências particulares


Já as técnicas teatrais voltadas ao alcoolismo, recurso idealizado pela psicóloga Thaís Gold, não chegaram à nenhuma plateia. Mas o método artístico ingressou na faculdade. Tudo começou quando Thaís foi convidada a realizar um trabalho com oficiais da Marinha de Salvador (Bahia) que apresentavam uso nocivo de álcool e drogas.

“Sabia da resistência que enfrentaria caso elaborasse uma apresentação de Power Point, com dizeres sobre drogas. Então, tive a ideia de usar Augusto Boal e o teatro do oprimido (técnica em que os participantes fazem jogos de cena, representando o cotidiano). Deu tão certo que hoje, na faculdade onde eu leciono, incentivo meus alunos a usarem o teatro terapêutico”, conta Thaís.


 Levy Seya Maeda, 28 anos, confirma que as experiências artísticas, ainda que particulares, são incentivos ao primeiro passo na direção da sobriedade. Ele, que dos 14 aos 24 de idade caminhou por todos os tipos de drogas, foi resgatado quando trocou as pedras de crack pelas miçangas coloridas.

“Aprendi a fazer pulseiras, presenteei a família toda. Não tenho talento manual, os acessórios são bem ‘mais ou menos’ mas o artesanato me colocou no mundo sem ser clandestino. Tanto que é uma ferramenta que uso bastante na clínica (Novo Mundo, em Itu – interior paulista) para dependentes químicos, onde hoje trabalho e da qual virei coordenador.”

Sem mágica


A dependência química é doença considerada epidemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS). As causas são múltiplas, passam pela genética e exigem terapia, medicamentos, em alguns casos internação, resume o psiquiatra da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Dartiu Xavier.

Neste contexto, não há um psiquiatra ou psicólogo que defenda a arte como remédio mágico para o uso compulsivo de drogas. Índio, o artista da Cracolândia paulistana, só pondera que talvez, “se conhecessem meu trabalho, as pessoas parassem de ter medo de mim. Elas me olhariam como ser humano e não monstro”, diz ele, enquanto finaliza o quadro para embelezar as paredes de algum lugar, “ainda não definido”.


04/02/2013

Lysergic acid diethylamide (LSD) for alcoholism: meta-analysis of randomized controlled trials


Segue o artigo citado pelo Prof. Dartiu Xavier da Silveira na Reunião Geral do Proad de hoje, dia 04/02/2013.


Lysergic acid diethylamide (LSD) for alcoholism: meta-analysis of randomized controlled trials

    1. Department of Neuroscience, Faculty of Medicine, Norwegian University of Science and Technology (NTNU), Trondheim, Norway

    1. Department of Neuroscience, Faculty of Medicine, Norwegian University of Science and Technology (NTNU), Trondheim, Norway


Abstract


Assessments of lysergic acid diethylamide (LSD) in the treatment of alcoholism have not been based on quantitative meta-analysis. 
Hence, we performed a meta-analysis of randomized controlled trials in order to evaluate the clinical efficacy of LSD in the treatment of alcoholism. Two reviewers independently extracted the data, pooling the effects using odds ratios (ORs) by a generic inverse variance, random effects model. 
We identified six eligible trials, including 536 participants. There was evidence for a beneficial effect of LSD on alcohol misuse (OR, 1.96; 95% CI, 1.36–2.84; p = 0.0003). Between-trial heterogeneity for the treatment effects was negligible (I² = 0%). Secondary outcomes, risk of bias and limitations are discussed. 
A single dose of LSD, in the context of various alcoholism treatment programs, is associated with a decrease in alcohol misuse.

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