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23/09/2015

Uma Nota de Profissionais e Estudiosos da Saúde

Uma Nota de Profissionais e Estudiosos da Saúde

O iminente julgamento pelo Supremo Tribunal Federal de um recurso extraordinário que questiona a constitucionalidade da criminalização do porte de drogas para uso pessoal tem suscitado inúmeras manifestações da sociedade civil.
Frequentemente, notamos que algumas opiniões emitidas nestes debates ferem as melhores evidências científicas disponíveis nos campos da Medicina, da Saúde Coletiva e das Ciências Sociais aplicadas à Saúde.
O Direito Constitucional é a base do julgamento dos ministros e ministras do STF na matéria em questão. Não obstante, a natureza polêmica e moral do tema tem colocado apelos emotivos e apresentado supostos riscos à saúde que poderiam trazer alguma intranquilidade à tomada de decisão no plenário do tribunal.
Como profissionais e estudiosos do campo da Saúde, desejamos prover um conjunto de informações com reconhecimento acadêmico sobre os efeitos de medidas de relaxamento na penalização de pessoas que fazem uso de substâncias psicoativas ilegais.
Em primeiro lugar, é importante notar que o que se discute aqui é a descriminalização do porte para uso. A questão central é decidir se a pessoa que usa drogas deve ser tratada como criminosa ou não. A medida da descriminalização do uso já foi tomada por diversos países da América Latina e da Europa. Além disso, é importante destacar que, do ponto de vista epidemiológico, as pessoas que apresentam problemas ocasionados pelo uso de drogas são a exceção e não a regra (Wagner & Anthony, 2002; CEBRID, 2005; Fischer et al., 2010; UNODC, 2014).
Posto isto, não há evidência que sustente a afirmativa de que experiências internacionais de descriminalização geraram aumento no consumo de drogas ilícitas tanto nos dados oficiais Europeus (EMCDDA, 2011) como nos sul-americanos, compilados pela Plataforma Brasileira de Política de Drogas em relatórios sul-americanos (Chile, 2006; 2012; Colômbia, 2008; 2013; Argentina 2008; 2014). Embora no caso isolado de Portugal, onde a descriminalização aconteceu em 2001, tenha havido redução no consumo entre os jovens (Hughes & Stevens, 2012) e o consumo de drogas ilícitas em 2012 tenha se mostrado menor do que em 2001 (EMCDDA, 2015), o que uma leitura cautelosa do conjunto dos dados nos permite afirmar é que mudanças na criminalização ou não do usuário não parecem influenciar de forma significativa o consumo de drogas nem para mais, nem para menos (Room & Reuter, 2012).
Por outro lado, e diferente do que frequentemente é apregoado pelos opositores da descriminalização, o endurecimento das leis de drogas em sua instância mais vulnerável, o usuário, pode implicar em danos à saúde pública porque distancia as pessoas que usam drogas dos sistemas de saúde e de assistência social (Degenhardt & Hall, 2012). A Suécia, país alardeado por alguns como sucesso no controle do uso de drogas por meio da criminalização do usuário, apresenta taxas de mortes relacionadas ao uso de drogas que estão entre as mais altas da Europa e que seguem crescentes. Enquanto isso, países que descriminalizaram o porte para uso, como Portugal e Espanha, apresentam taxas muito mais baixas e que se mantém estáveis ou decrescentes. A diferença é tão dramática que o número de mortos por habitante relacionados ao uso de drogas na Suécia foi quase vinte e três vezes maior que o de Portugal no ano de 2013 (EMCDDA, 2015).
Da mesma forma, a afirmativa de que a descriminalização incentivaria a violência, frequentemente repetida, não tem base nas informações disponíveis (Werb et al., 2011). Um exame dos dados sobre violência demonstra que ela está associada a outras variáveis sociais, em especial a desigualdade (Fajnzylber et al., 2002; Enamorado et al., 2014; Pikett & Wilkinson, 2015), e que o álcool é a substância psicoativa cujo consumo apresenta a ligação mais consistente com a violência (White & Gorman, 2000; Boles & Miotto, 2003; Hoaken & Stewart, 2003).
Vale ainda frisar que o controle do uso de substâncias psicoativas é complexo e merece ser discutido amplamente pela sociedade em todas as suas instâncias, mas o exemplo de regulação do tabaco no Brasil nos mostra que não foi necessário impor ao usuário medidas de natureza penal – e sim administrativas,  associadas a uma ampla campanha educativa e preventiva – para se gerar os resultados exemplares na redução do seu consumo, sendo hoje o país com a maior taxa de cessação do uso de cigarros no mundo (INCA, 2008). Estas medidas, porém, ainda não foram aplicadas de maneira tão efetiva no caso do álcool.
Por fim, é preciso entender que a reiterada afirmativa de que ‘o Brasil ainda não está preparado para a descriminalização do uso’ se traduz em dizer que estamos preparados para sermos um dos poucos países sul-americanos que mantém, oficialmente, sanções de natureza criminal para usuários de drogas. Significa, ainda, ratificar a mensagem de que o usuário problemático de drogas é antes um criminoso do que alguém que pode ter a necessidade de cuidados à sua saúde. Significa, também, adotar uma postura que tem o potencial de gerar distorções no sistema de justiça criminal e, com isso causar impacto negativo para a saúde física e mental de nossos cidadãos. É isso o que queremos para este país? Os signatários e signatárias dessa nota respondem a esta pergunta afirmando que, em nome da saúde pública da população brasileira, apoiam a descriminalização do porte de drogas para uso pessoal.

22/09/2015

Bar em Londres cria 'nuvem alcoólica': basta respirar para ficar bêbado

RIO - Na entrada, o slogan: "respire com responsabilidade". Trata-se do bar londrino Alcoholic Architecture — ou arquitetura alcoólica, em tradução livre — que propõe uma experiência inovadora. Numa câmara envolvida por uma nuvem de álcool e energético, as pessoas transitam e "inalam" drinks por meio da respiração.

Clientes inalam mistura de álcool e energético em bar londrino - Reprodução

Liberada no ar por potentes umidificadores, a nuvem alcoólica é absorvida pelo corpo humano através dos olhos e dos pulmões, entrando rapidamente na corrente sanguínea, sem precisar passar pelo fígado. Por isso, os clientes só podem ficar dentro do espaço por no máximo cinquenta minutos.





A iniciativa é controversa. Segundo a imprensa britânica, psiquiatras especializados em alcoolismo são veementemente contra a ideia. Criado pela primeira vez em 2009, o Alcoholic Architecture fechou pouco tempo depois. A ideia é que a nova versão do bar também seja sazonal.



Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/sociedade/bar-em-londres-cria-nuvem-alcoolica-basta-respirar-para-ficar-bebado-17214710#ixzz3mR7Avhi4 

22/07/2015

Pesquisa sugere que cigarro pode favorecer distúrbios psiquiátricos

Pesquisa sugere que cigarro pode favorecer distúrbios psiquiátricos

Hipótese é que exposição à nicotina aumenta a liberação de dopamina. Esse neurotransmissor em excesso no corpo pode provocar a esquizofrenia.

Conhecido por causar câncer e doenças cardiovasculares, o cigarro também poderia aumentar o risco de transtornos psiquiátricos graves, como a esquizofrenia. As informações fazem parte de um estudo publicado nesta sexta-feira (10) na revista "Lancet Psychiatry".
Uma "associação" estatística entre o fumo e as psicoses, em especial a esquizofrenia, foi descoberta em análises anteriores, lembram os investigadores europeus que assinam o trabalho.
Foi observado que as pessoas com transtornos psiquiátricos graves eram significativamente mais propensas a fumar, com taxas de tabagismo entre os psicóticos três vezes maior do que na população geral. Mas "as razões pelas quais as pessoas com psicose são mais propensas a fumar do que o resto da população permanecem obscuras", escreveram eles em seu artigo.
É a doença e/ou os tratamentos psiquiátricos usados para combatê-las que encorajam o tabagismo? Várias teorias nesse sentido têm sido propostas, em particular o fato de que o cigarro ajudaria a compensar os efeitos das drogas sobre a regulamentação da dopamina, um neurotransmissor associado ao mecanismo de recompensa.
Mas alguns pesquisadores se concentraram na ideia de que o próprio cigarro "poderia aumentar o risco da ocorrência destas doenças".
Este estudo procurou especificamente testar esta hipótese e determinar se a psicose é declarado mais cedo em fumantes do que entre os não-fumantes.
Resultado claro após análise
Deste trabalho de "meta-análise" epidemiológica (que consiste na análise de vários estudos realizados anteriormente, envolvendo um total de 14.555 fumantes e 273.162 não-fumantes), foi extraído um resultado bastante claro.
"O consumo diário está associado a um risco aumentado de psicose e ao início mais precoce dos transtornos psicóticos", escreveram os autores do artigo, Pedro Gurillo (hospital de Torrevieja, no leste da Espanha) e Sameer Jauhar (King's College de Londres).
No início da doença, os psicóticos são três vezes mais propensos a serem fumantes do que o resto da população. "Embora seja sempre difícil determinar a causalidade, nossos resultados mostram que o tabagismo deve ser seriamente considerado como um possível fator de risco no desenvolvimento de psicoses e não é considerado como uma simples consequência da doença", explicou James MacCabe (King's College), também autor do estudo.
Um "nexo de causalidade" ainda precisaria ser plenamente demonstrado, mas os pesquisadores apontam para uma possível explicação: a dopamina.
"É possível que a exposição à nicotina aumente a liberação de dopamina, o que resulta no desenvolvimento de psicoses", já que o excesso de dopamina no corpo é uma das hipóteses para explicar a esquizofrenia, afirmou Robin Murray, da King's College.
Este artigo e outro trabalho sueco publicado recentemente sobre tabagismo e esquizofrenia, "argumentam fortemente em favor de uma relação causal entre tabagismo e esquizofrenia", avaliou o psiquiatra Michael Owen (Universidade de Cardiff).
Mas para Michael Bloomfield (University College London), "ainda há muito trabalho a ser feito antes que os cientistas possam declarar com certeza que fumar realmente aumenta o risco de esquizofrenia".

07/06/2015

Quase metade dos baladeiros bebe antes de entrar na casa noturna

Quase metade dos baladeiros bebe antes de entrar na casa noturna



O famoso "esquenta", conduta conhecida popularmente por pessoas que bebem antes de entrar nas baladas, é realizado por 41,3% dos frequentadores de casas noturnas. A pesquisa entrevistou 2.422 clientes de 31 estabelecimentos na cidade de São Paulo e foi realizado pelo Departamento de Medicina Preventiva da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Os pesquisadores selecionaram os clientes aleatoriamente e as casas noturnas mediante suas capacidades e amostragem de clientes. Para a análise do consumo de álcool dos entrevistados foi utilizado um “bafômetro” para medir a concentração de ar expirado, além de uma entrevista individual, tanto na entrada quanto na saída.

A maioria dos indivíduos que beberam antes de entrar nas casas noturnas apresentou sinais de intoxicação em decorrência do álcool na saída das baladas. Foi observado também maior prevalência deste comportamento em indivíduos do sexo masculino, com histórico de abuso de álcool e comportamento sexual de risco.

Zila Sanchez, responsável pela pesquisa, ressalta que este comportamento não é característico apenas dos frequentadores de casas noturnas no Brasil, ocorrendo também nos Estados Unidos e em países da Europa. Na visão da pesquisadora, o “esquenta” é um comportamento de risco e influência no padrão de consumo dentro da balada. “Diferentemente do que se pensa, o esquenta não leva a economia de dinheiro, pois na prática quem fez esquenta terminou a noite mais alcoolizado e consumiu mais doses dentro da balada”, afirmou Zila.

Outro estudo desenvolvido pelo mesmo departamento e baseado no mesmo público, mostrou que o “esquenta” é o principal fator associado ao binge drinking, popularmente conhecido como “porre” ou como hábito de beber em excesso durante um período.

Algumas atrações que ocorrem nas baladas, como a oferta de bebida gratuita (open bar), diversidade de pistas de dança e som muito alto também foram observados como fatores do alto consumo de bebida.
Reportagem de: A Tribuna. Saiba mais aqui.
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